quinta-feira, 19 de julho de 2012

O maior espetáculo da Terra


- 46 segundos! Ele nadou 100 metros em 46 segundos!

Por alguns minutos, esse pensamento tomou conta de mim. Olimpíada de Pequim, 11 de agosto de 2008. Natação, final do revezamento 4 x 100 livre. A França vencia com folga. Michael Phelps já saíra da piscina. Segundos separavam os europeus da medalha de ouro. Até Jason Lezak cair na água. Foi do americano, um mero coadjuvante, a façanha que abre este texto. Arrasador, ele levou os Estados Unidos à primeira posição. Histórico. Espetacular.




Minha história com os Jogos Olímpicos começou cedo. Remonta a Barcelona, 1992. Eu era apenas uma criança de 6 anos. Na memória, lembranças do cobertor na janela da sala impedindo o reflexo de chegar ao televisor, da pira acesa na cerimônia de abertura, do saque indefensável de Marcelo Negrão.

A Olimpíada adquiriu novos contornos quatro temporadas depois, com o jornalismo. Sim, jornalismo. Aos 10 anos, decidi que registraria com detalhes os Jogos de Atlanta. Missão dada, missão cumprida. Quadro de medalhas, conquistas brasileiras, fichas das principais partidas... Tudo guardado (e perdido) no HD de um 486 qualquer.

Em Sydney, ganhei a companhia do meu irmão para trocar os dias pelas noites. Juntos, fomos obrigados a escutar várias vezes uma das frases favoritas do meu pai: - Pra cama agora, tem aula amanhã! Pobre escola. A concorrência olímpica é pesada. Mais “velho”, pude sentir, de verdade, a decepção com o refugo de Baloubet du Rouet.



Para alegria de Dionísio, Atenas foi uma festa, associação imediata. Começo de faculdade, 18 anos completados, tempo de sobra para passar com os amigos. O ótimo desempenho do Brasil aumenta esse sentimento. Cinco medalhas de ouro, algumas com contornos épicos. O vôlei masculino bateu duas vezes a ex-poderosa Itália. E a volta por cima de Robert Scheidt, Rodrigo Pessoa e, o que é o esporte, Baloubet du Rouet? 


Quando a Olimpíada chegou a Pequim, eu já tinha em mãos o diploma de jornalista. Participaria pela primeira vez da cobertura dos Jogos. Empolgado, não reclamei do fuso horário ou da longa jornada de trabalho. Recordar aqueles dias traz ao rosto um largo sorriso. A vitória de Cesar Cielo nos 50 metros livre, por exemplo, foi como gol do Brasil em Copa do Mundo. 


Faltam oito dias para a Olimpíada de Londres. Hora de ver novas façanhas, viver novas histórias, encontrar companhia para Marcelo Negrão, Rodrigo Pessoa e Cesar Cielo. Para Jason Lezak também. Os 46s06 daquele 11 de agosto continuam imbatíveis. Ele não é o recordista mundial porque a FINA não reconhece o tempo de uma prova individual durante um revezamento – Cielo tem a “melhor marca”, 46s91. Lezak mandou mesmo muito bem, não é?

terça-feira, 10 de abril de 2012

Gigante

Novak Djokovic venceu o Australian Open, Roger Federer conquistou três títulos, Thomaz Bellucci levantou a torcida brasileira na Copa Davis. No entanto, o nome do tênis em 2012 é outro. O americano John Isner evoluiu, derrotou adversários de respeito e mostrou que merece um lugar entre os melhores tenistas do mundo.

O retrospecto e a matemática jogam a favor de Isner. O grandalhão de 2,06m derrubou Federer no saibro de Friburgo, em plena Suíça, na Copa Davis. Logo depois, o ianque não deu chances a Djokovic na semifinal do Masters 1000 de Indian Wells. Na semana passada, foi a vez de Jo-Wilfried Tsonga dançar, em outro confronto da Davis, desta vez em Roquebrune, na França. A escalada no ranking mundial acompanhou o ritmo das vitórias. John terminou 2011 na 18ª posição. Hoje, ocupa o 10º posto.

E por que John Isner cresceu tanto nos últimos meses? O atleta que “só sabia sacar” investiu no jogo do fundo da quadra e na rede. O resultado salta aos olhos. Isner ganhou consistência atrás e ficou perigoso na frente. Como o serviço continua afiado, é fácil entender o porquê da ascensão do americano nesta temporada.

Rafael Nadal e Novak Djokovic são exemplos da eficiência da combinação entre humildade e disciplina. O espanhol e o sérvio reconheceram que precisavam evoluir, identificaram os problemas e trabalharam duro. Desta maneira, chegaram ao topo do tênis mundial. Agora é a vez de John Isner experimentar a fórmula de sucesso. Quem será o próximo?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Favas Contadas


Só mesmo uma reviravolta histórica pode estragar a festa de O Artista no Oscar 2012. A produção franco-americana, muda e filmada em preto e branco, destaque no Festival de Cannes, coroada no Globo de Ouro, venceu os prêmios dos sindicatos dos produtores e diretores e pavimentou o caminho para a estatueta dourada.

Não perca as contas. Até o momento, O Artista já conquistou cinco importantes troféus de filme do ano: BAFTA, Critic's Choice, National Board of Review, Globo de Ouro e Producers Guild Awards. Além disso, foi eleito o longa de 2011 por nada menos que seis associações de críticos, incluindo Nova York, Boston e Londres. O diretor Michel Hazanavicius ganhou o Directors Guild Awards. Melhor ator em Cannes, no Globo de Ouro e no Screen Actors Guild Awards, Jean Dujardin também está em evidência. Retrospecto arrasador, que lembra Quem Quer Ser um Milionário?, soberano em 2008.

O favoritismo aumenta diante do currículo dos principais adversários, Os Descendentes e A Invenção de Hugo Cabret. O primeiro, obra-prima de Alexander Payne, venceu o Globo de Ouro de melhor drama. O segundo, incursão de Martin Scorsese no cinema infantil, levou o Globo de direção. No entanto, as duas películas pararam em O Artista no PGA e no DGA. E como os sindicatos de produtores e diretores costumam ditar o rumo do Oscar, fica difícil não imaginar o sucesso de Hazanavicius e companhia no dia 26 de fevereiro.

Até hoje, apenas uma produção muda conquistou o Oscar de melhor filme, Asas, na primeira edição dos Academy Awards, em 1929. O Artista tem a chance de acabar com um jejum que já dura 83 anos. Enquanto isso, Os Descendentes e A Invenção de Hugo Cabret tentam findar outro paradigma: derrubar um concorrente que ganhou todos os prêmios antes da cerimônia da Academia. A essa altura do campeonato, o primeiro tabu parece muito mais próximo do fim.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Dream Team 2011

2012 acabou de começar, por isso ainda dá tempo de relembrar os grandes momentos do esporte no ano passado. Sem demora, listei os cinco destaques de 2011.

5) Dallas Mavericks - No começo da temporada 2010-2011 da NBA, quase todo mundo apostava em uma final entre o então bicampeão Los Angeles Lakers e o Miami Heat de LeBron James e Dwyane Wade. No entanto, os dois times toparam com o Dallas Mavericks nos playoffs e foram devidamente amassados. Os Lakers levaram humilhantes 4 a 0. Miami tentou equilibrar, mas caiu na decisão. Os Mavs venceram a NBA com justiça. De quebra, os veteranos Dirk Nowitzki e Jason Kidd levantaram o troféu pela primeira vez.


4) Fabiana Murer - A façanha de Fabiana já fala por si só. A saltadora conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil em um Campeonato Mundial de Atletismo. Outro detalhe, entretanto, chama bastante atenção. A atleta paulista derrotou ninguém menos que Yelena Isinbayeva, maior nome do salto com vara feminino em todos os tempos. É verdade que a musa russa não vive seus melhores dias, o que não diminui o feito de Murer. Ao saltar 4,85m em Daegu, a brasileira também deixou para trás a polonesa Anna Rogowska, que defendia o título, e outra russa, Svetlana Feofanova, medalha de bronze na Olimpíada de Pequim. Sem dúvida, o momento mais importante do esporte verde-amarelo em 2011.


3) Sebastian Vettel - O alemão sobrou na última temporada da Fórmula 1. Aos 24 anos e 87 dias de idade, Vettel tornou-se o mais jovem bicampeão mundial da história da categoria. O título foi coroado com um recorde impressionante. O piloto conquistou 15 poles positions durante o ano, pulverizando os 14 primeiros lugares de Nigel Mansell em 1992. Talentoso, carismático e competente, Sebastian Vettel dominou a F1 como poucos. Se os adversários não se mexerem logo, esse reinado será longo.


2) Barcelona - O último ano confirmou o que já sabíamos, mas tínhamos receio de admitir: o time atual do Barcelona é um dos maiores do futebol em todos os tempos. Posse de bola, busca pelo gol, jogo bonito... A equipe catalã reúne tudo aquilo que gostamos de ver. Comandado por craques do calibre de Messi, Xavi e Iniesta, o Barça venceu a UEFA Champions League, o Campeonato Espanhol, as Supercopas da Espanha e da Europa e o Mundial de Clubes da FIFA. E tem mais: parece existir um abismo entre esse Barcelona e os outros times. As atuações contra Manchester United, Real Madrid e Santos confirmam a tese.



1) Novak Djokovic - O próprio Djokovic confessou que para derrubar Rafael Nadal e Roger Federer era preciso ser extraordinário. Em 2011, o sérvio foi absoluto: venceu 41 partidas seguidas, ganhou 10 títulos, levantou a taça em 3 Grand Slams. A sequência levou o tenista à liderança do ranking mundial. A soberania foi tão grande que, quem diria, abalou os nervos dos rivais. Nadal perdeu seis finais para Nole, caiu de rendimento e ainda tenta voltar à melhor forma. Antes impassível, Federer usou a imprensa para reclamar. Disse que dominou o circuito antes de Rafa e Djoko, é o maior campeão da história dos Slams e merece mais respeito. É pouco provável que Novak Djokovic repita em 2012 o que fez no ano passado. Mais um motivo para admirar o que ele conquistou na última temporada.