quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Dream Team 2011

2012 acabou de começar, por isso ainda dá tempo de relembrar os grandes momentos do esporte no ano passado. Sem demora, listei os cinco destaques de 2011.

5) Dallas Mavericks - No começo da temporada 2010-2011 da NBA, quase todo mundo apostava em uma final entre o então bicampeão Los Angeles Lakers e o Miami Heat de LeBron James e Dwyane Wade. No entanto, os dois times toparam com o Dallas Mavericks nos playoffs e foram devidamente amassados. Os Lakers levaram humilhantes 4 a 0. Miami tentou equilibrar, mas caiu na decisão. Os Mavs venceram a NBA com justiça. De quebra, os veteranos Dirk Nowitzki e Jason Kidd levantaram o troféu pela primeira vez.


4) Fabiana Murer - A façanha de Fabiana já fala por si só. A saltadora conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil em um Campeonato Mundial de Atletismo. Outro detalhe, entretanto, chama bastante atenção. A atleta paulista derrotou ninguém menos que Yelena Isinbayeva, maior nome do salto com vara feminino em todos os tempos. É verdade que a musa russa não vive seus melhores dias, o que não diminui o feito de Murer. Ao saltar 4,85m em Daegu, a brasileira também deixou para trás a polonesa Anna Rogowska, que defendia o título, e outra russa, Svetlana Feofanova, medalha de bronze na Olimpíada de Pequim. Sem dúvida, o momento mais importante do esporte verde-amarelo em 2011.


3) Sebastian Vettel - O alemão sobrou na última temporada da Fórmula 1. Aos 24 anos e 87 dias de idade, Vettel tornou-se o mais jovem bicampeão mundial da história da categoria. O título foi coroado com um recorde impressionante. O piloto conquistou 15 poles positions durante o ano, pulverizando os 14 primeiros lugares de Nigel Mansell em 1992. Talentoso, carismático e competente, Sebastian Vettel dominou a F1 como poucos. Se os adversários não se mexerem logo, esse reinado será longo.


2) Barcelona - O último ano confirmou o que já sabíamos, mas tínhamos receio de admitir: o time atual do Barcelona é um dos maiores do futebol em todos os tempos. Posse de bola, busca pelo gol, jogo bonito... A equipe catalã reúne tudo aquilo que gostamos de ver. Comandado por craques do calibre de Messi, Xavi e Iniesta, o Barça venceu a UEFA Champions League, o Campeonato Espanhol, as Supercopas da Espanha e da Europa e o Mundial de Clubes da FIFA. E tem mais: parece existir um abismo entre esse Barcelona e os outros times. As atuações contra Manchester United, Real Madrid e Santos confirmam a tese.



1) Novak Djokovic - O próprio Djokovic confessou que para derrubar Rafael Nadal e Roger Federer era preciso ser extraordinário. Em 2011, o sérvio foi absoluto: venceu 41 partidas seguidas, ganhou 10 títulos, levantou a taça em 3 Grand Slams. A sequência levou o tenista à liderança do ranking mundial. A soberania foi tão grande que, quem diria, abalou os nervos dos rivais. Nadal perdeu seis finais para Nole, caiu de rendimento e ainda tenta voltar à melhor forma. Antes impassível, Federer usou a imprensa para reclamar. Disse que dominou o circuito antes de Rafa e Djoko, é o maior campeão da história dos Slams e merece mais respeito. É pouco provável que Novak Djokovic repita em 2012 o que fez no ano passado. Mais um motivo para admirar o que ele conquistou na última temporada.

domingo, 2 de outubro de 2011

O Sol é para (quase) Todos


Acabou a festa. Depois de cinco meses, a temporada cinematográfica do verão americano finalmente terminou. 2011 foi marcado por 18 grandes estreias, de verdadeiros blockbusters a produções quase experimentais. É com agradável surpresa que confesso: o saldo foi bastante positivo. Hora do tradicional resumão.

Thor
- Quando estreou no Brasil: 29 de abril
- Quanto custou: U$ 150 milhões
- Bilheteria: U$ 448 milhões
Ninguém esperava muito, mas Kenneth Branagh é Kenneth Branagh. O diretor construiu um arco dramático interessante e já garantiu uma sequência para 2013.

Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas
- Quando estreou: 20 de maio
- Quanto custou: U$ 250 milhões
- Bilheteria: U$ 1,039 bilhão
É melhor que o último capítulo da trilogia original, embora fique distante dos dois primeiros filmes da saga. Mesmo repleto de absurdos, funciona. A Disney ainda aproveitou o lançamento em 3D para alavancar mais uma bilheteria bilionária.

Se Beber, Não Case! Parte II
- Quando estreou: 27 de maio
- Quanto custou: U$ 80 milhões
- Bilheteria: U$ 581 milhões
Se Beber, Não Case! Parte II é até divertido. No entanto, a falta de criatividade atrapalha. A sensação é de que poderia ter sido melhor.

X-Men: Primeira Classe
- Quando estreou: 3 de junho
- Quanto custou: U$ 160 milhões
- Bilheteria: U$ 352 milhões
Um dos melhores do verão! Na prática, o grande sucesso da temporada, já que a expectativa era muito baixa e Matthew Vaughn entregou um filmaço. A bilheteria só não foi maior porque o capítulo anterior da série quase a matou (X-Men Origens: Wolverine).

Kung Fu Panda 2
- Quando estreou: 10 de junho
- Quanto custou: U$ 150 milhões
- Bilheteria: U$ 661 milhões
Mais do mesmo. Kung Fu Panda 2 segue à risca a já batida fórmula da DreamWorks de fazer animações. Legal e pouco ambicioso.

Meia-Noite em Paris
- Quando estreou: 17 de junho
- Quanto custou: U$ 30 milhões
- Bilheteria: U$ 107 milhões
Divertido, bem escrito e com uma ótima montagem, é o melhor longa de Woody Allen desde Match Point. É bom ficar de olho: pode pintar em algumas premiações.

Carros 2
- Quando estreou: 23 de junho
- Quanto custou: U$ 200 milhões
- Bilheteria: U$ 550 milhões
Considerado por muitos o primeiro fracasso da Pixar, Carros 2 precisa ser analisado com cuidado. De fato, fica longe dos outros projetos da produtora. Porém, não é ruim. Parece uma animação da DreamWorks ou da Fox.

Transformers: O Lado Oculto da Lua
- Quando estreou: 29 de junho
- Quanto custou: U$ 195 milhões
- Bilheteria: U$ 1,1 bilhão
Dói ver que Transformers 3 arrecadou U$ 1 bilhão nas bilheterias. A DreamWorks apostou no lançamento em 3D para fazer mais dinheiro e agora sorri. A produção é uma verdadeira bomba: incoerente, arrastada e absolutamente lamentável.

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
- Quando estreou: 15 de julho
- Quanto custou: O valor não foi divulgado pela Warner
- Bilheteria: U$ 1,3 bilhão
Não dá pra ignorar o crescimento da série com o passar dos anos. Relíquias da Morte: Parte 2 é sombrio, tenso, violento e tem uma ótima conclusão. A Warner vai tentar emplacar uma indicação ao Oscar de melhor filme.

Capitão América: O Primeiro Vingador
- Quando estreou: 29 de julho
- Quanto custou: U$ 140 milhões
- Bilheteria: U$ 360 milhões
Outra boa surpresa. Joe Johnston, quem diria, humanizou o herói mais odiado do mundo e fez um bom trabalho.

A Árvore da Vida
- Quando estreou: 12 de agosto
- Quanto custou: U$ 32 milhões
- Bilheteria: U$ 54 milhões
Ouvi em algum lugar que A Árvore da Vida é o filme experimental mais caro da história do cinema. Terrence Malick realmente viaja muito, mas sem perder o sentido. Vale a pena assistir.


Super 8
- Quando estreou: 12 de agosto
- Quanto custou: U$ 50 milhões
- Bilheteria: U$ 258 milhões
O melhor do verão! É a essência do cinema, despertando sensações e sentimentos, mexendo com o espectador. Tem drama, suspense, medo e emoção. De quebra, é recheado de referências.

Planeta dos Macacos: A Origem
- Quando estreou: 26 de agosto
- Quanto custou: U$ 93 milhões
- Bilheteria: U$ 409 milhões
Belo trabalho. Planeta dos Macacos: A Origem dá nova vida à saga no cinema. O velho dilema sobre humanidade foi bem resgatado e Andy Serkis continua provando que é um dos maiores atores da atualidade.

Cowboys & Aliens
- Quando estreou: 9 de setembro
- Quanto custou: U$ 163 milhões
- Bilheteria: U$ 165 milhões
Interessante, ágil e tem Olivia Wilde. Só faltou um pouquinho mais de bang bang. A bilheteria fraca tem explicação. Cowboys & Aliens foi lançado nos Estados Unidos na esteira de “Harry Potter”. Assim fica difícil.

Não vi e provavelmente não vou assistir Lanterna Verde, Missão Madrinha de Casamento, Os Smurfs e Amizade Colorida. Portanto, minha análise fica por aqui. Vem ai a melhor parte do ano, a temporada das premiações. Chega logo, novembro.

domingo, 12 de junho de 2011

Na Mosca


Matthew Vaughn acertou a mão. O diretor de Kick Ass recebeu da Fox a chance da vida dele e não a desperdiçou. Respeitando bastante a série original, transformou X-Men: Primeira Classe em um dos melhores filmes da saga dos mutantes. De quebra, fez do longa-metragem um dos favoritos ao posto de mais bem-sucedido do verão americano.

A curta carreira do cineasta de Londres, que tem apenas 40 anos, decolou em 2010 com Kick Ass. Sucesso inesperado, a história do nerd que resolve virar um super-herói conquistou público e crítica – a continuação já está confirmada, ainda sem data para estrear. Na esteira desse breakthrough, o inglês foi convidado para retomar a trajetória dos X-Men nos cinemas.

Difícil imaginar resultado melhor. As dúvidas de Mística, a dor de Hank McCoy, a amizade de Xavier e Magneto, bonita e sincera, apesar das diferenças... Cada passo dado pelos personagens em Primeira Classe ajuda a explicar o perfil mostrado na trilogia original. Mais importante ainda: Vaughn volta a abordar com sutileza o preconceito, lastro dos heróis nos quadrinhos, levado à sétima arte com sensibilidade por Bryan Singer e Brett Ratner nos três primeiros filmes (e detonado por Gavin Hood no fraco X-Men Origens: Wolverine).

A temporada do verão cinematográfico nos Estados Unidos ainda está no começo, mas já dá pra cravar: não vai ser fácil superar Primeira Classe. Os concorrentes Thor, Piratas do Caribe 4 e Se Beber, Não Case! 2 ficaram pra trás – são bons, é verdade, porém pequenos quando comparados ao subtexto contemporâneo dos X-Men. A bola está com Harry Potter 7.2 e Super 8. Façam suas apostas.

sábado, 23 de abril de 2011

Onde os Fracos Não Têm Vez


Spike Lee levantou, gritou, reclamou. Presença costumeira nos jogos do New York Knicks, o cineasta não perdeu a primeira partida de playoff da NBA no Madison Square Garden desde 2004. Com Carmelo Anthony e Amare Stoudemire, Nova Iorque finalmente tinha uma chance na pós-temporada da liga americana. Tinha. Só faltou avisar o Boston Celtics.

“O Knicks não foi páreo para eles”, resumiu em tom resignado o jornal The New York Times. Sólido e eficiente, Boston atropelou: 113 a 96. Se nos dois primeiros encontros da série NY chegou perto da vitória, ontem, quando tinha tudo para equilibrar o confronto, viu o alviverde de Massachusetts mostrar porque é o maior campeão da história do basquete ianque. Com 3 a 0 no mata-mata, o Celtics só precisa ganhar mais um duelo para chegar à semifinal da Conferência Leste.

A 2000 km da Big Apple, Nova Orleans assistia a uma história parecida. O New Orleans Hornets até batera o atual bicampeão Los Angeles Lakers fora de casa no primeiro capítulo do embate, porém perdera no segundo e, com a torcida a favor, jogava para voltar à liderança da disputa. No entanto, na hora de decidir, LA não deu a menor chance para o rival.

Na terra do Jazz, Kobe Bryant anotou 30 pontos e o garrafão do Lakers arrasou o Hornets. Com 17 tentos de Pau Gasol e outros 14 de Andrew Bynum, o “trabalho sujo” da equipe amarela foi impecável. “Foi demais para New Orleans”, lamentou a imprensa local. Placar final: 100 a 86 e 2 a 1 para os comandados de Phil Jackson no melhor-de-sete.

Boston e Los Angeles mostraram o que deles se esperava: no momento certo, iriam crescer. Não à toa, são os dois gigantes da NBA – 17 taças para o Celtics, 16 para o Lakers. Podem até cair diante de Chicago Bulls, San Antonio Spurs ou Miami Heat, mas sem desfalques são os grandes favoritos ao título, mais uma vez. Pobre Spike Lee.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Impressionante


Quando batia bola aos oito anos de idade em Belgrado, então capital da Iugoslávia, o jovem Novak Djokovic sonhava que era o grande campeão de Wimbledon. Elegante no jogo e no uniforme, ele dominava os rivais na grama londrina e levantava a taça na lendária Quadra Central do All-England Club. Aquele menino já queria conquistar o mundo do tênis, mas nem de perto imaginava até onde iria chegar.

24 vitórias em 24 partidas. De tão imponente, a marca estabelecida por Nole em 2011 assusta. O sérvio foi campeão no Aberto da Austrália, no ATP 500 de Dubai e nos Masters 1000 de Indian Wells e Miami. Desde 1986, um ano antes dele nascer, ninguém tinha um começo de temporada tão arrasador. Naquela época, Ivan Lendl ganhou os primeiros 25 confrontos que fez.

Os números impactantes são a maior conseqüência da ótima fase vivida pelo tenista. Há quase doze meses, depois de perder de maneira frustrante nos Masters dos Estados Unidos, Djoko foi considerado carta fora do baralho. Pra muita gente, tinha rendido tudo o que podia. Sem tempo para sentimentalismo, ele demitiu o técnico Todd Martin e ficou apenas com Marian Vajda, que o acompanha desde muito jovem.

A dupla começou a trabalhar duro e os resultados apareceram. Novak fez um ótimo segundo semestre em 2010, fechando o ano com o triunfo na Copa Davis em casa em uma final espetacular contra a França. Com a confiança em alta, ele mudou. Praticamente todos os golpes do atleta melhoraram. O forehand tornou-se uma verdadeira patada. O backhand é agora uma arma letal, especialmente o chapado na paralela. O serviço evoluiu e as curtinhas ganharam inteligência. Nessa toada, Djokovic cresceu e venceu. Com todo merecimento, é hoje o melhor jogador do mundo. Lembram dos números? Comprovam essa ascensão.

A pergunta do momento é se o sérvio será capaz de alcançar a liderança do ranking da ATP. Segundo colocado na lista, ele precisa derrubar Rafael Nadal no saibro europeu para chegar lá. Se bater o espanhol na terra batida, terá superado todas as barreiras e poderá acreditar no título em Wimbledon – o Slam inglês é realizado logo depois de Roland Garros. Nada mal para quem já achou que essa chance não passava de um sonho de criança.