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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Favas Contadas


Só mesmo uma reviravolta histórica pode estragar a festa de O Artista no Oscar 2012. A produção franco-americana, muda e filmada em preto e branco, destaque no Festival de Cannes, coroada no Globo de Ouro, venceu os prêmios dos sindicatos dos produtores e diretores e pavimentou o caminho para a estatueta dourada.

Não perca as contas. Até o momento, O Artista já conquistou cinco importantes troféus de filme do ano: BAFTA, Critic's Choice, National Board of Review, Globo de Ouro e Producers Guild Awards. Além disso, foi eleito o longa de 2011 por nada menos que seis associações de críticos, incluindo Nova York, Boston e Londres. O diretor Michel Hazanavicius ganhou o Directors Guild Awards. Melhor ator em Cannes, no Globo de Ouro e no Screen Actors Guild Awards, Jean Dujardin também está em evidência. Retrospecto arrasador, que lembra Quem Quer Ser um Milionário?, soberano em 2008.

O favoritismo aumenta diante do currículo dos principais adversários, Os Descendentes e A Invenção de Hugo Cabret. O primeiro, obra-prima de Alexander Payne, venceu o Globo de Ouro de melhor drama. O segundo, incursão de Martin Scorsese no cinema infantil, levou o Globo de direção. No entanto, as duas películas pararam em O Artista no PGA e no DGA. E como os sindicatos de produtores e diretores costumam ditar o rumo do Oscar, fica difícil não imaginar o sucesso de Hazanavicius e companhia no dia 26 de fevereiro.

Até hoje, apenas uma produção muda conquistou o Oscar de melhor filme, Asas, na primeira edição dos Academy Awards, em 1929. O Artista tem a chance de acabar com um jejum que já dura 83 anos. Enquanto isso, Os Descendentes e A Invenção de Hugo Cabret tentam findar outro paradigma: derrubar um concorrente que ganhou todos os prêmios antes da cerimônia da Academia. A essa altura do campeonato, o primeiro tabu parece muito mais próximo do fim.

domingo, 2 de outubro de 2011

O Sol é para (quase) Todos


Acabou a festa. Depois de cinco meses, a temporada cinematográfica do verão americano finalmente terminou. 2011 foi marcado por 18 grandes estreias, de verdadeiros blockbusters a produções quase experimentais. É com agradável surpresa que confesso: o saldo foi bastante positivo. Hora do tradicional resumão.

Thor
- Quando estreou no Brasil: 29 de abril
- Quanto custou: U$ 150 milhões
- Bilheteria: U$ 448 milhões
Ninguém esperava muito, mas Kenneth Branagh é Kenneth Branagh. O diretor construiu um arco dramático interessante e já garantiu uma sequência para 2013.

Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas
- Quando estreou: 20 de maio
- Quanto custou: U$ 250 milhões
- Bilheteria: U$ 1,039 bilhão
É melhor que o último capítulo da trilogia original, embora fique distante dos dois primeiros filmes da saga. Mesmo repleto de absurdos, funciona. A Disney ainda aproveitou o lançamento em 3D para alavancar mais uma bilheteria bilionária.

Se Beber, Não Case! Parte II
- Quando estreou: 27 de maio
- Quanto custou: U$ 80 milhões
- Bilheteria: U$ 581 milhões
Se Beber, Não Case! Parte II é até divertido. No entanto, a falta de criatividade atrapalha. A sensação é de que poderia ter sido melhor.

X-Men: Primeira Classe
- Quando estreou: 3 de junho
- Quanto custou: U$ 160 milhões
- Bilheteria: U$ 352 milhões
Um dos melhores do verão! Na prática, o grande sucesso da temporada, já que a expectativa era muito baixa e Matthew Vaughn entregou um filmaço. A bilheteria só não foi maior porque o capítulo anterior da série quase a matou (X-Men Origens: Wolverine).

Kung Fu Panda 2
- Quando estreou: 10 de junho
- Quanto custou: U$ 150 milhões
- Bilheteria: U$ 661 milhões
Mais do mesmo. Kung Fu Panda 2 segue à risca a já batida fórmula da DreamWorks de fazer animações. Legal e pouco ambicioso.

Meia-Noite em Paris
- Quando estreou: 17 de junho
- Quanto custou: U$ 30 milhões
- Bilheteria: U$ 107 milhões
Divertido, bem escrito e com uma ótima montagem, é o melhor longa de Woody Allen desde Match Point. É bom ficar de olho: pode pintar em algumas premiações.

Carros 2
- Quando estreou: 23 de junho
- Quanto custou: U$ 200 milhões
- Bilheteria: U$ 550 milhões
Considerado por muitos o primeiro fracasso da Pixar, Carros 2 precisa ser analisado com cuidado. De fato, fica longe dos outros projetos da produtora. Porém, não é ruim. Parece uma animação da DreamWorks ou da Fox.

Transformers: O Lado Oculto da Lua
- Quando estreou: 29 de junho
- Quanto custou: U$ 195 milhões
- Bilheteria: U$ 1,1 bilhão
Dói ver que Transformers 3 arrecadou U$ 1 bilhão nas bilheterias. A DreamWorks apostou no lançamento em 3D para fazer mais dinheiro e agora sorri. A produção é uma verdadeira bomba: incoerente, arrastada e absolutamente lamentável.

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
- Quando estreou: 15 de julho
- Quanto custou: O valor não foi divulgado pela Warner
- Bilheteria: U$ 1,3 bilhão
Não dá pra ignorar o crescimento da série com o passar dos anos. Relíquias da Morte: Parte 2 é sombrio, tenso, violento e tem uma ótima conclusão. A Warner vai tentar emplacar uma indicação ao Oscar de melhor filme.

Capitão América: O Primeiro Vingador
- Quando estreou: 29 de julho
- Quanto custou: U$ 140 milhões
- Bilheteria: U$ 360 milhões
Outra boa surpresa. Joe Johnston, quem diria, humanizou o herói mais odiado do mundo e fez um bom trabalho.

A Árvore da Vida
- Quando estreou: 12 de agosto
- Quanto custou: U$ 32 milhões
- Bilheteria: U$ 54 milhões
Ouvi em algum lugar que A Árvore da Vida é o filme experimental mais caro da história do cinema. Terrence Malick realmente viaja muito, mas sem perder o sentido. Vale a pena assistir.


Super 8
- Quando estreou: 12 de agosto
- Quanto custou: U$ 50 milhões
- Bilheteria: U$ 258 milhões
O melhor do verão! É a essência do cinema, despertando sensações e sentimentos, mexendo com o espectador. Tem drama, suspense, medo e emoção. De quebra, é recheado de referências.

Planeta dos Macacos: A Origem
- Quando estreou: 26 de agosto
- Quanto custou: U$ 93 milhões
- Bilheteria: U$ 409 milhões
Belo trabalho. Planeta dos Macacos: A Origem dá nova vida à saga no cinema. O velho dilema sobre humanidade foi bem resgatado e Andy Serkis continua provando que é um dos maiores atores da atualidade.

Cowboys & Aliens
- Quando estreou: 9 de setembro
- Quanto custou: U$ 163 milhões
- Bilheteria: U$ 165 milhões
Interessante, ágil e tem Olivia Wilde. Só faltou um pouquinho mais de bang bang. A bilheteria fraca tem explicação. Cowboys & Aliens foi lançado nos Estados Unidos na esteira de “Harry Potter”. Assim fica difícil.

Não vi e provavelmente não vou assistir Lanterna Verde, Missão Madrinha de Casamento, Os Smurfs e Amizade Colorida. Portanto, minha análise fica por aqui. Vem ai a melhor parte do ano, a temporada das premiações. Chega logo, novembro.

domingo, 12 de junho de 2011

Na Mosca


Matthew Vaughn acertou a mão. O diretor de Kick Ass recebeu da Fox a chance da vida dele e não a desperdiçou. Respeitando bastante a série original, transformou X-Men: Primeira Classe em um dos melhores filmes da saga dos mutantes. De quebra, fez do longa-metragem um dos favoritos ao posto de mais bem-sucedido do verão americano.

A curta carreira do cineasta de Londres, que tem apenas 40 anos, decolou em 2010 com Kick Ass. Sucesso inesperado, a história do nerd que resolve virar um super-herói conquistou público e crítica – a continuação já está confirmada, ainda sem data para estrear. Na esteira desse breakthrough, o inglês foi convidado para retomar a trajetória dos X-Men nos cinemas.

Difícil imaginar resultado melhor. As dúvidas de Mística, a dor de Hank McCoy, a amizade de Xavier e Magneto, bonita e sincera, apesar das diferenças... Cada passo dado pelos personagens em Primeira Classe ajuda a explicar o perfil mostrado na trilogia original. Mais importante ainda: Vaughn volta a abordar com sutileza o preconceito, lastro dos heróis nos quadrinhos, levado à sétima arte com sensibilidade por Bryan Singer e Brett Ratner nos três primeiros filmes (e detonado por Gavin Hood no fraco X-Men Origens: Wolverine).

A temporada do verão cinematográfico nos Estados Unidos ainda está no começo, mas já dá pra cravar: não vai ser fácil superar Primeira Classe. Os concorrentes Thor, Piratas do Caribe 4 e Se Beber, Não Case! 2 ficaram pra trás – são bons, é verdade, porém pequenos quando comparados ao subtexto contemporâneo dos X-Men. A bola está com Harry Potter 7.2 e Super 8. Façam suas apostas.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Mais uma lição


Confesso: quando Kathryn Bigelow anunciou o Oscar de melhor diretor para Tom Hooper, bateu uma sensação de tristeza. Nada contra o homem responsável por O Discurso do Rei nem objeção nenhuma ao longa-metragem dele. O problema era a derrota de David Fincher. Apesar dos exageros dos alternativos de plantão, Finchy é um ótimo cineasta, foi muito competente em A Rede Social e merecia aquela estatueta.

O insucesso de Fincher foi a única surpresa verdadeira preparada pela Academia. A previsibilidade desta temporada lembrou 2008, quando Quem Quer Ser um Milionário? limpou a festa sem deixar sobras pra ninguém. Azar dos interessados em uma noite de emoção. Sorte dos fiéis apostadores dos bolões - o oráculo de Ana Maria Bahiana no UOL Cinema adivinhou 20 vencedores!

Já era previsto que O Discurso do Rei ficaria com o prêmio de filme do ano e seria reconhecido entre os roteiros originais, subjugando Christopher Nolan em A Origem. O triunfo de Tom Hooper sobre David Fincher entre os diretores consolidou a vitória da produção britânica, que ainda viu Colin Firth ganhar entre os atores (com todo mérito do mundo) e, desta forma, levou a melhor nas quatro categorias de maior prestígio.

Não faço coro com a oposição a O Discurso do Rei. Pelo contrário, gostei da biografia de George VI, correta em todos os aspectos, focada em um protagonista traumatizado obrigado a superar seus problemas e com um final clássico, edificante. É um belo trabalho, a cara do Oscar. Nesse sentido, nada mais correto do que ser eleito o grande filme de 2010. Concorrentes como A Origem e Cisne Negro eram sim mais corajosos, inteligentes, desafiadores e, por que não?, geniais. No entanto, como eram cartas fora do baralho e o monarca inglês brigava contra A Rede Social, a vitória dele é aceitável.

A Rede Social merece uma análise particular. David Fincher e a Focus Features acertaram a mão, mas todo o projeto parece pequeno quando comparado aos adversários do último domingo. Se deveria ficar com uma estatueta, era roteiro adaptado (ufa!). O manuscrito, focado no diálogo, é brilhante. Quem já tentou escrever um script sabe como é duro costurar as falas. Ponto para Aaron Sorkin.



Também vale ressaltar a justa premiação de Natalie Portman, Christian Bale e Melissa Leo nas categorias de atuação. Ao lado de Colin Firth, eles fizeram um quarteto digno, de altíssimo nível. Não por acaso, ganharam tudo, dos Globos de Ouro ao Academy Award.

No fim das contas, é inevitável não pensar que a Academia poderia ser um pouco mais ousada e valorizar realizações como A Origem e Cisne Negro, enxergar nomes como Christopher Nolan e Darren Aronofsky. Entretanto, essa lição nos é ensinada anualmente e nós gostamos de ser reprovados. O Oscar é pragmático e conservador. Tudo indica que esse perfil não vai mudar. E convenhamos, ele vale muito mesmo assim, não é?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quase nada mudou


- Deve haver uma forma mais fácil de ser aplaudido de pé - brincou Michael Douglas no ato final do Globo de Ouro. Aos 64 anos, ele acaba de superar um câncer na garganta. Antes de anunciar a vitória de A Rede Social como melhor drama, foi saudado pelo público.

A piada do ator explica bem o impacto da cerimônia da noite passada na temporada de prêmios. Assim como Douglas, o filme de David Fincher certamente gostaria de encontrar um caminho menos penoso para chegar ao topo, neste caso, o Oscar. Ganhar nos Globos é ótimo, mas acrescenta muito pouco na corrida pela Academia.

A explicação é curta: nos últimos anos, os Golden Globes se distanciaram bastante dos Academy Awards. De 2005 pra cá, apenas uma vez o mesmo longa unificou as estatuetas - Quem Quer Ser um Milionário?, em 2008. Os Globos já foram considerados um termômetro do Oscar. Agora, soam como uma premiação pop, recheada de estrelas, com uma identidade cada vez mais particular.

Desta forma, ainda não dá pra cravar A Rede Social como o grande favorito à vitória no Kodak Theater. O Discurso do Rei é forte e O Vencedor tem potencial para crescer. Com o triunfo no Globo de Ouro, David Fincher e companhia andaram mais um pouco em direção à glória mais alta do mundo cinematográfico. Para sofrer menos até lá, eles ainda precisam passar pelo teste do PGA, Producers Guild of America, a verdeira prévia do que vai acontecer na noite de 27 de fevereiro.

Michael Douglas estava certo. Há uma forma mais fácil de ser aplaudido de pé.

domingo, 24 de outubro de 2010

Yes, We Can


- Pede pra sair!

O jargão do Capitão Nascimento deveria ser dito a todos que ainda duvidam do cinema brasileiro. Apesar de vivermos um período de muito sucesso na sétima arte tupiniquim, somos obrigados a escutar diariamente a desagradável sentença "se é nacional é ruim", uma ignorância risível para quem conhece um pouquinho do assunto.

A retomada começou em 1995, cresceu com o passar dos anos 90 e foi confirmada de 2001 para cá. Hoje, já é possível identificar produções de todos os gêneros. Essa variedade é um reflexo do desenvolvimento da indústria. Com mais pessoas trabalhando, mais projetos e ideias ganham vida. Não à toa, vimos recentemente a comédia Se Eu Fosse Você, o drama/ musical Dois Filhos de Francisco, os infantis da série Tainá, os policiais de Beto Brant, o histórico Tempos de Paz, o biográfico Chico Xavier e até a ação Federal.

Para os defensores da teoria "time bom é time campeão", alguns fatos recentes para refletir...

Cidade de Deus foi indicado a quatro Oscar em 2004: diretor (Fernando Meirelles), roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (César Charlone) e montagem (Daniel Rezende). No Globo de Ouro, brigou no prêmio filme estrangeiro. Mais importante ainda, inovou com uma linguagem ágil, contemporânea, copiada mundo afora. Meirelles, Mantovani, Charlone e Rezende são referências em todo o planeta.

1998 foi de Central do Brasil, que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, o Golden Globe de produção em língua estrangeira e foi nomeado ao careca dourado na mesma categoria. De quebra, viu Fernanda Montenegro ser a melhor atriz na mostra alemã e aparecer entre as cinco primeiras nas duas premiações americanas.

Linha de Passe disputou a Palma de Ouro e fez de Sandra Corveloni a melhor atriz no Festival de Cannes em 2008.

Também em 2008, Tropa de Elite papou o Urso dourado.

É igualmente impossível ignorar O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (competiu em Berlim em 2007), Abril Despedaçado (finalista nos Globos em 2002) e as indicações ao Academy Award de O Quatrilho (1995) e O Que é Isso Companheiro? (1997).

Por fim, o público aprovou o suor dos nossos cineastas. De Lisbela e o Prisioneiro a Nosso Lar, o número de bilhetes vendidos só aumentou. Tropa de Elite 2 reforça a tese. A espera pela sequência foi digna de Hollywood, com direito a ansiedade e campanha publicitária forte. Quando a película tomou as salas de exibição, converteu-se em mais um fenômeno.



Mesmo assim, ainda precisamos ouvir aquela baboseira sobre a qualidade dos nossos longas. O famoso Complexo de Vira-Lata, imortalizado por Nélson Rodrigues, permanece bem vivo. Até quando as pessoas vão torcer o nariz?

Se você não concorda com os argumentos apresentados até agora, faça outro teste.

Confira Tropa de Elite 2, produto mais recente dessa safra. Note com cuidado o trabalho minucioso feito com todo o som, mixagem e edição. Repare na fotografia e na montagem, fundamentais para contar a história de José Padilha. Depois pense se a trama deixa a desejar quando comparada a uma norte-americana ou europeia.

O cinema brasileiro renasceu há muito tempo. Só não enxerga quem não quer.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cada vez mais forte


Poucos diretores são tão cultuados como David Fincher. Culpa de Seven e Clube da Luta. Criativos e inegavelmente impactantes, esses filmes o transformaram em um dos nomes mais promissores de Hollywood no fim da década passada.

Apesar do sucesso alcançado nos anos 90, Finch demorou para entrar no clubinho das premiações. Só em 2009 foi indicado ao Oscar pela primeira vez, com O Curioso Caso de Benjamin Button. Mesmo com uma campanha robusta da Warner, o roteiro do homem que rejuvenesce com o passar do tempo ficou pelo caminho e perdeu a corrida para Quem Quer Ser um Milionário.

Seria no mínimo irônico, para não dizer uma derrota, ver um cineasta marcado pela originalidade ganhar a Academia com uma produção repleta de fórmulas para fazer sucesso. Benjamin Button não era, definitivamente, o melhor tiro de Davey.

Duas temporadas se foram e, agora sim, o moço de Denver parece ter acertado em cheio. A Rede Social (The Social Network) é o grande destaque de 2010 até o momento. Críticos estão rendidos, público encantado e o caminho para os tapetes vermelhos já está construído.



Curioso é notar que, a princípio, a trama não tem nada demais. Trata-se da história da criação do Facebook e como isso alterou a vida de todos envolvidos naquele projeto. Para os mais exaltados, o longa tem um quê de American Graffiti e outro de Cidadão Kane, um pé na perda da inocência e outro na dificuldade ao lidar com o poder.

Segundo a Entertainment Weekly, indicações para filme, diretor, roteiro adaptado, ator e ator coadjuvante são certeza. A Focus Features ainda tenta ir mais longe: quer emplacar três nomeações a coadjuvante - em todos os tempos, isso só aconteceu com Sindicato dos Ladrões, O Poderoso Chefão e O Poderoso Chefão II.

A Rede Social se tornou, então, uma grande barbada?

Ainda é cedo para dizer. Há vida na concorrência.

Ao retratar a luta do rei George VI para superar um problema na fala e liderar o povo inglês na Segunda Guerra Mundial, The King's Speech desponta como um dos mais belos trabalhos de 2010. Já venceu o Festival de Toronto.

A popularidade ímpar de Christopher Nolan e a força de A Origem são uma ameaça constante, especialmente porque Chris foi ignorado em 2008 com o excelente O Cavaleiro das Trevas.

Clint Eastwood parece de volta aos seus melhores dias em Hereafter.

Danny Boyle gostou de ser protagonista e promete muito em 127 Horas, biografia do alpinista Aron Ralston.

E tem ainda Darren Aronofsky em Cisne Negro e os irmãos Coen (de novo!) em True Grit.

Portanto, não dá pra prever que esta é a vez de David Fincher. No entanto, ele nunca esteve tão perto da estatueta mais cobiçada do planeta.

sábado, 28 de agosto de 2010

Até onde ele vai?


Você deve se lembrar do final de O Cavaleiro das Trevas. O monólogo avassalador do Comissário Gordon, delicadamente coberto por imagens escolhidas a dedo, construiu uma das cenas mais marcantes do cinema nos últimos anos.

O sucesso do homem-morcego ratificou Christopher Nolan como um dos maiores diretores de Hollywood na atualidade. Méritos não faltaram para isso. Da cabeça dele saíram Amnésia, Insônia, Batman Begins, O Grande Truque e a segunda aventura do herói mascarado.

Desta forma, era natural que a expectativa para A Origem fosse das maiores. O decantado Nolan, reconhecido como um homem criativo, escreveu um roteiro original, reuniu sua competente trupe novamente (o montador Lee Smith, o fotógrafo Wally Pfister, o compositor Hanz Zimmer) e contratou um elenco de primeira.

Como poucas pessoas, Chris trabalhou bem com essa pressão e fez um filme espetacular. Não cabe aqui discutir atuações, conceitos, categorias. Basta dizer que tudo funciona à perfeição. Criatividade, delicadeza e coragem, características presentes nos trabalhos anteriores do cineasta, estão lá novamente.

Melhor ainda é notar o respeito do britânico com seu público. Cuidadoso ao extremo, ele contou sua história e deixou o melhor conosco, o gran finale. Ninguém deixa a sala de projeção sem pensar no que acabou de assistir. E mais: você pode decidir por A ou B e o sentido, o encaixe, terá o mesmo brilho.

Na publicação anterior deste blog, empreguei o termo "raio", dirigido pelo segurança Calo a Michael Corleone na Sicília em O Poderoso Chefão. É quando uma pessoa fica sem reação diante de algo bonito, grandioso (no caso, a italiana Apollonia). Na ocasião, pedi que em 2010 ele nos atingisse com mais frequência nos cinemas, porque no último biênio, quase não caiu.

Deu sorte. O primeiro raio deste ano me acertou em A Origem. Ou se me permitirem brincar uma vez mais, foi o primeiro "chute".

Ah, e que venha o terceiro capítulo de Batman.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Primeiro Chute


Em 2007, figurinhas carimbadas levaram a melhor.

Em 2008, em um dos maiores feitos dos 82 anos de história da festa, venceu um filme ''pobre", independente, rodado na Índia com equipe britânica.

No ano passado, foi a vez de uma mulher e sua análise sobre a guerra sorrirem.

Muitos podem reclamar, mas poucas premiações são tão importantes quanto o Oscar.

Os indies vão dizer que trata-se, na verdade, de uma eleição e, pior ainda, com cartas marcadas. Para eles, Cannes é mais justo. Ignoram, no entanto, que na Riviera Francesa o clubinho é muito mais restrito e, portanto, antidemocrático.

Prova maior da força dos Academy Awards é o burburinho de agosto. A seis meses da entrega da estatueta, já existem comentários sobre os possíveis concorrentes.

Me juntei ao movimento e listei abaixo os candidatos prévios. Engraçado vai ser notar em fevereiro de 2011 como essa relação pode mudar.

ANOTHER YEAR - Dirigido por Mike Leigh (Simplesmente Feliz), segue a vida de um casal de meia idade com seus amigos. É o maior candidato a dramalhão do ano, no melhor estilo As Horas. Pode arrancar indicações para filme, diretor, roteiro e atores (Jim Broadbent e Imelda Staunton).

THE FIGHTER - Pode aparecer como o bom filme do ano. Biografia do boxeador Micky Ward, é dirigido por David O. Russel, o homem por trás de Três Reis. No elenco estão Mark Wahlberg, Christian Bale e Amy Adams. A Paramount vai lançá-lo no dia 10 de dezembro, logo...

BLACK SWAN - Darren Aronofsky foi muito elogiado com Réquiem para um Sonho e quase chegou lá em 2008 com O Lutador. Agora, está fortíssimo com este Black Swan. O longa narra a rivalidade entre uma veterana dançarina de balé e sua maior concorrente. Tem Natalie Portman no comando e já faz barulho desde o ano passado. Será que vai?

NEVER LET ME GO - Pode ser o britânico de sucesso de 2010. Dirigido por Mark Romanek (ironicamente, americano de Chicago), mostra o passado e o presente de três jovens educados em um internato especial na Inglaterra. À frente do cast, Keira Knightley e Carey Mulligan. Precisa de mais alguma coisa?

THE SOCIAL NETWORK - Eu discordo, mas David Fincher ganhou muitos pontos com O Curioso Caso de Benjamin Button. Agora, o cineasta lança a história dos fundadores do Facebook e os problemas que eles enfrentaram para fazer o portal funcionar. Há uma expectativa enorme nos Estados Unidos. Para mim, nada demais.

THE TREE OF LIFE - Esse sim, parece ter sido feito para receber prêmios. Diretor renomado (Terrence Malick, de Além da Linha Vermelha), Brad Pitt e Sean Penn. O roteiro é sobre uma família que perde a inocência na década de 50. E ainda tem esse título. Não duvido dessa árvore não.

SOMEWHERE - Sophia Coppola ressurge com um drama sobre um ator "porra louca" de Hollywood que repensa sua vida ao receber a visita da filha de 11 anos. É amigo, Alemanha é Alemanha.

JACK GOES BOATING - Estreia de Phillip Seymour Hoffman na direção. A trama gira em torno da vida de dois casais trabalhadores de Nova York. Pode ser a surpresa do ano.

HEREAFTER - Clint Eastwood. Desta vez, o astro mostra três pessoas tocadas de forma diferente pela morte. Peter Morgan escreve e Matt Damon puxa a fila dos atores. Como lança um filme por ano, Clint acabou se banalizando um pouco, à lá Woody Allen. No entanto, o diretor é tão acima da média que não pode ser desprezado jamais.

YOU WILL MEET A TALL DARK STRANGER - E já que falamos de Woody Allen, aqui está ele. Desta vez, a estrela hiperativa fez uma salada com vários casais em Londres. Antonio Banderas, Josh Brolin, Anthony Hopkins, Freida Pinto e Naomi Watts estão no meio da confusão. O lançamento nos Estados Unidos será no fim de setembro, mas já existem rumores sobre uma boa campanha para a temporada das premiações.

A ORIGEM (INCEPTION) - Christopher Nolan já bateu na trave duas vezes, com Amnésia e O Cavaleiro das Trevas. Essa pode ser a vez do jovem cineasta. A ORIGEM foi elogiado mundo afora, mas pode ser moderno demais para os padrões da Academia.

TOY STORY 3 - Sucesso de público e crítica, com certeza será indicado a melhor filme de animação. Para chegar à categoria principal, vai precisar contar com uma boa campanha e com o fracasso de alguns concorrentes. Acho que chega lá.

Não custa lembrar que ainda falta muito tempo para o começo da briga. Ou seja, nada disso é certeza.

Por enquanto, a torcida é só uma: que o nível de 2010 seja superior ao de 2009 e 2008.

Citando O Poderoso Chefão, nos dois últimos anos, o raio me acertou poucas vezes.

sábado, 8 de novembro de 2008

U$ 992 milhões and counting...

Os passos estão, agora, menores. O ritmo é mais lento. Mesmo assim, Batman – O Cavaleiro das Trevas, se aproxima cada vez mais da marca de U$ 1 bilhão de dólares arrecadados nas bilheterias do mundo todo. Depois do último fim de semana, o filme da Warner chegou aos U$992 milhões abocanhados somente nos cinemas.

Se o feito for alcançado, será o quarto longa-metragem a ultrapassar a barreira do bilhão. À frente do herói mascarado estão Titanic (U$1,842 bilhão), O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (U$1,119 bilhão) e Piratas do Caribe – O Baú da Morte (U$1,066 bilhão).

Esse amplo retorno financeiro assusta. Ninguém esperava que o segundo capítulo da franquia de Christopher Nolan fosse fazer tanto barulho. Os antecedentes eram bons: Batman Beggins ganhou U$ 371 milhões no mundo todo, foi bem nas críticas, ressuscitou o Morcegão-Malvadão. Mesmo assim, a bilheteria do “episódio II” surpreende.



Alegria dos estúdios sim, mas não só da Warner. O fenômeno de Batman não é um caso isolado. Se investigarmos os últimos anos em Hollywood, veremos diversos protagonistas grandiosos tomarem as bilheterias. Também neste ano, o velho Indiana Jones voltou à vida em O Reino da Caveira de Cristal e ganhou U$ 783 milhões. Homem-Aranha, X-Men, Homem-de-Ferro e Harry Potter seguem a mesma linha, escancarando uma forte e atual tendência: investir em grandes personagens.

Talvez seja presunção demais dizer isso, mas já é possível perceber que foi-se o tempo em que os atores seguravam o filme, eram os responsáveis por levar o público ao cinema – algo visto, por exemplo em Titanic, com a “dicapriomania”. Ao que tudo indica, hoje a moçada quer ver histórias e personagens impactantes nas telonas – e a prova maior disso foram os fracassos recentes de Tom Cruise, Adam Sandler e Mike Myers diante do sucesso dos heróis.

Para concluir a tese, voltemos ao Cavaleiro das Trevas. U$ 992 milhões arrecadados no mundo todo. Custo de produção: U$ 185 mi. No liso, lucro imediato de U$ 807 milhões. E ainda virão os DVDs, os DVDs especiais, os produtos licenciados, os direitos para a TV... Diante disso, alguém ainda se pergunta por que investem cada vez mais nesses caras?
PS: Não acredito que The Dark Knight atinja U$ 1 bilhão, mas isso não altera em nada o fato do filme ser o maior sucesso do ano.