sábado, 18 de outubro de 2008

Chegou a hora

Marcelo Oliveira não é um Felipão, Vanderlei Luxemburgo ou Muricy Ramalho. Também fica atrás de Abel Braga, Mano Menezes e Émerson Leão. Acredito que não supera sequer um Adilson Batista, Dorival Júnior ou Celso Roth. Mas parece colocar o Atlético nos trilhos.

Pela primeira vez em todo o ano de 2008, há razões para começar a confiar no selecionado carijó. Sim, a defesa ainda é fraca e peca várias vezes no posicionado em uma mesma partida. O meio-campo e o ataque carecem de técnica e alguns atletas que compõem o elenco são lamentáveis. Mesmo assim, o Galo parece ter uma cara definida, uma estrutura, uma forma de jogar.

O losango do meio-campo já era usado desde o início do ano. Geninho escalava Rafael Miranda, Renan, Márcio Araújo e Marques, este último como meia de ligação (quem não se lembra desse crime?). Mais tarde, o pequeno-jegue adiantou o Messias e colocou Danilinho por ali. Passaram pela mesma posição Petkovic e Almir. Alexandre Gallo ainda testou Gedeon (Meu Deus!).

Marcelo pegou a mesma onda. Deixou Rafael recuado, liberou Márcio Araújo e escalou Serginho pela faixa esquerda, barrando Renan, em péssima fase. Petkovic fazia a ligação. O time oscilava. Com as sapatadas fora de casa e as vitórias apertadas no Mineirão, o treinador parece ter aprendido.



Já há algumas rodadas o meio-campo está mais sólido. Serginho foi recuado para a cabeça da área, onde funciona melhor. Ele não tem técnica para subir com freqüência, como fazia pelo flanco esquerdo do meio. Agora, ajuda a defesa e, quando ataca, é o famoso elemento-surpresa (o Flamengo viu bem isso no segundo gol na última semana).

Márcio Araújo e Elton fecham os lados, direita e esquerda, respectivamente. Podem não ser grandes jogadores, mas estão se firmando. Márcio arrisca mais, enquanto Elton é mais contido.

O grande diferencial de Marcelo Oliveira foi a armação. Ele barrou Petkovic e escalou a promessa Renan Oliveira, que vem emplacando boas atuações. O garoto provou que não é centroavante, mas um meia, que, com liberdade, pode arrasar as defesas adversárias. Já vinha sendo o melhor atleta do Atlético antes das partidas diante de Palmeiras e Flamengo. Depois dos dois jogos, disparou como a estrela do time.

Marcelo não é um técnico de ponta nem tem muita experiência à beira do gramado, mas está acertando o Atlético. Fato inesperado e similar ao que aconteceu na Baixada, com o Santos de Márcio Fernandes. Esperança de um fim de ano melhor para o Glorioso dentro das quatro linhas.

E agora José?

A festa acabou/ A luz apagou/ O povo sumiu/ A noite esfriou/ E agora José?/ Cito Drummond para chegar ao ponto mais delicado: a direção do Clube Atlético Mineiro. O cenário se assemelha muito ao clima de fim de festa descrito pelo poeta de Itabira. Ziza renunciou (já passava da hora), os vices também e o presidente do Conselho ainda resolveu tirar férias. A eleição só deve ser no dia 28 de outubro e, ao que tudo indica, as maiores forças são as correntes de Afonso Paulino e Alexandre Kalil.

Não vou entrar na diferença das chapas e no que cada uma pode acrescentar ao clube, até porque desde que me mudei para São Paulo não acompanho muito de perto a política no alvinegro. Vou usar o clássico para fechar o texto e ligar o escrete aos dirigentes.

O que importa agora é que o palco está montado. Depois de um ano de resultados pífios e um time fraquíssimo, com turbulência financeira e renúncia na presidência, o Atlético tem pela frente o Cruzeiro. E justamente quando o onze titular começa a render melhor. Eis a chance: vencer a Raposa, decretar, de uma vez por todas, a ascensão do time no Campeonato Brasileiro, trazer de volta a Massa e jogar lá no alto o astral e o clima na metade alvinegra de Belo Horizonte.

Com o cenário favorável, restaria aos nossos cartolas realizar um pleito correto, ético e transparente, com amplo apoio da torcida, que garanta ao Clube Atlético Mineiro uma direção confiável e um futuro melhor.



Portanto, que o manto branco-e-preto atropele a camisa azul no Gigante da Pampulha. Que Renan Oliveira e Marques dancem pelo relvado do maior de Minas. Que possamos gritar mais uma vez, com todo orgulho, Galôôôôôô!

E que venha 2009.

8 comentários:

Guilherme Abreu disse...

isso ae cara!!!
muito emocionante esse final!!!!

da-lhe galo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pedro P disse...

Filipe, um adepto do grand finale.
gostei desse texto aí.

Anônimo disse...

e vamos chutar a bunda delas!

Higiene Mental disse...

Com toda a isenção que me é possível:
Sei que raramente consigo, mas tento ser um torcedor, que apesar de sempre confiante no meu time,
evita tripudiar dos adversários. Embora tenho a convicção de que se a situação dos times de Minas fosse inversa, não gozaria da mesma complacência. Por isso, nem vou falar nada sobre a recente vitória ou sobre a impressionante regularidade do Cruzeiro e as reais chances de título, apesar das 'embasadas' análises contrárias.

Sobre o Atlético MG: Para sair do atual buraco, a primeira medida seria a dispensa de Marques, Petkovic e Marcos, não pela qualidade dos jogadores, mas por serem símbolos de um modo antiquado de ver o futebol. Contratados para satisfazer a torcida, o aspecto técnico ficou em segundo plano. Mantidos no time a peso de ouro, a equipe ficou refém de uma fórmula previsível e obsoleta de jogar em detrimento de uma safra boa de jovens talentos.

A vitória sobre o Flamengo fez compreensivelmente renascer a esperança do torcedor, que se agarra a mais remota possiblidade de restaurar a dignidade do clube. Uma semana depois, tudo volta ao que se tornou normal. Desmandos e brigas foras de campo que acabam se refletindo em uma apatia assutadora da equipe dentro das quatro linhas.

Buscando as mesmas soluções desgastadas, com diretores de discursos afiados e ego astronômico, para os mesmos velhos problemas o futuro não parece animador. E como Cruzeirense (com letra maiúscula mesmo) quero ver o Atlético reerguido, perdendo títulos é verdade, mas ao menos sendo protagonista e não apenas no cristalizado 13o lugar, que, se não me engano, é o número do Galo no jogo do bicho; cansei de ver o rival agonizar. Afinal, chutar cachorro morto não tem graça.

Unknown disse...

A "força" do galo foi mostrada ontem... hauhauaha. Esse não tem salvação. Concordo com o que disse do Marcelo, inclusive com relação ao Serginho, que é hoje um dos volantes revelação e, na minha opinião, disparado o melhor jogador desse arremedo de time.
Bernardo Esteves

Filipe Abreu disse...

Pedro Grossi e seus comentários cruzeirenses!

Higiene Mental disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Higiene Mental disse...

Atualmente, os cruzeirenses podem se gabar "apenas" de ter um time superior ao do Atlético e o caixa mais em dia. Os títulos de expressão e a força de clube "copeiro" parecem ter ficado para trás com o fim do Brasileiro de pontos corridos. Ironicamente, em 2003, primeiro ano sem mata-mata. Ironicamente, o título que faltava ao time conhecido justamente por ser competitivo em copas.

Aos atleticanos resta a esperança de bons times e de boas administrações. Como nos velhos tempos. Seja lá quando/se isso irá acontecer. Não resquícios de vaidade tipicamente azuis, presentes até em hino, que deixam qualquer manifestação de "ego inflado" da diretoria alvinegra tão "à mostra" quanto as maracutaias da máfia Perrela.

E excelente análise, Filipe.

Leo