domingo, 28 de dezembro de 2008

Hora de apostar


É sempre assim. Em dezembro, associações de críticos de várias cidades americanas elegem os destaques do ano - New York Film Critics Circle, National Board of Review, Los Angeles Film Critics Association, entre outras. Em certas ocasiões, um longa vence tantos prêmios nos circles que chega forte ao Globo de Ouro e ao Oscar.

Escolhidos os agraciados da maioria das organizações em todo o país, é possível perceber alguns favoritos. Tomo emprestada a lista elaborada pelo EW Oscar Watch Blog e a publico abaixo. Entre parênteses o número de vezes que o filme recebeu o prêmio em questão.

Fica a pergunta: será que os maiores vencedores nos circles serão pesos-pesados no Oscar?


Melhor Filme

Slumdog Millionaire (12)

Batman – O Cavaleiro das Trevas (3)

WALL-E (3)

Milk (3)

O Caso Curioso de Benjamin Button (2)

Frost/ Nixon (1)

Happy-Go-Lucky (1)

Wendy and Lucy (1)

Nota do Filipe Acredito que Slumdog Millionaire será indicado a Melhor Filme, mas não creio em força suficiente para vencer. Frost/ Nixon, Milk e Benjamin Button parecem ter mais chances no Oscar.


Melhor Diretor

Danny Boyle, Slumdog Millionaire (16)

Gus Van Sant, Milk (2)

Jonathan Demme, Rachel Getting Married (1)

Ron Howard, Frost/ Nixon (1)

Mike Leigh, Happy-Go-Lucky (1)

David Fincher, O Caso Curioso de Benjamin Button (1)

Christopher Nolan, Batman – O Cavaleiro das Trevas (1)

Andrew Stanton, WALL-E (1)

NF – Mesmo caso da categoria principal. Danny Boyle vai ser indicado, mas duvido que vença.


Melhor Ator

Sean Penn, Milk (12)

Mickey Rourke, The Wrestler (11)

Frank Langella, Frost/Nixon (2)

Clint Eastwood, Gran Torino (1)

Ricky Gervais, Ghost Town (1)

Richard Jenkins, The Visitor (1)

NF Sean Penn x Mickey Rourke? Vai ser foda!


Melhor Atriz

Sally Hawkins, Happy-Go-Lucky (8)

Anne Hathaway, Rachel Getting Married (6)

Kate Winslet, Revolutionary Road (4)

Melissa Leo, Frozen River (3)

Meryl Streep, Doubt (2)

Angelina Jolie, The Changeling (2)

Michelle Williams, Wendy and Lucy (1)

NF – Enquanto o comentário geral é de que no Oscar a briga vai ser entre Kate Winslet e Meryl Streep, os circles apontaram competição entre Sally Hawkins e Anne Hathaway. Será que Kate Winslet vai ficar no quase de novo?


Melhor Ator Coadjuvante

Heath Ledger, The Dark Knight (21)

Josh Brolin, Milk (2)

Michael Shannon, Revolutionary Road (1)

NF – Heath Ledger! Vale lembrar que o grande concorrente do Coringa é Phillip Seymour Hoffman em Doubt, mas Hoffman não figurou em muitas listas de coadjuvante porque tentou vingar como melhor ator. Como a concorrência estava alta de mais por lá, mudou de categoria para tentar sua segunda estatueta. O páreo promete ser duro.


Melhor Atriz Coadjuvante

Marisa Tomei, The Wrestler (7)

Penelope Cruz, Vicky Cristina Barcelona (6)

Viola Davis, Doubt (5)

Rosemarie DeWitt, Rachel Getting Married (4)

Kate Winslet, The Reader (3)

Taraji P. Henson, O Caso Curioso de Benjamin Button (1)

NF – Sem dúvida, a mais equilibrada. Penelope Cruz vai repetir o sucesso espanhol de Javier Bardem em 2007?


Melhor Roteiro Original

Milk (4)

Rachel Getting Married (4)

The Visitor (2)

WALL-E (2)

Synecdoche, New York (1)

Happy-Go-Lucky (1)

In Bruges (1)

Gran Torino (1)

The Wrestler (1)

NF - A briga é intensa. Milk, The Wrestler, Rachel Getting Married e até WALL-E aparecem com boas perspectivas.


Melhor Roteiro Adaptado

Slumdog Millionaire (10)

Frost Nixon (5)

Batman – O Cavaleiro das Trevas (1)

O Caso Curioso de Benjamin Button (1)

NF - Se for mantida a tendência recente, o filme independente do ano não só é indicado como ganha o prêmio. Nesse caso, pode por na conta de Slumdog Millionaire.

sábado, 6 de dezembro de 2008

17º à vista


Nove pontos à frente de Juventus e Milan. Mais do que isso, um futebol seguro e competente. A Internazionale sobra mais uma vez no Calcio. A vantagem na tabela é justa, já que nenhum time na Itália está no nível da atual tricampeã.

Hoje contra a Lazio a equipe deu outra aula. Defendeu-se bem, anulando as principais armas da esquadra romana – o trio Foggia-Zarate-Rocchi não teve espaço e pouco produziu. Na frente, a Inter usou suas melhores armas: o meio-campo consistente, Muntari em grande fase, as descidas de Maicon e o craque Ibrahimovic.

A irregularidade do Milan e a falta de elenco da Juventus escancaram o abismo entre esses dois clubes e a Internazionale. Ainda há muito campeonato pela frente, mas parece que não há volta: o scudetto deve ir para o lado nerazzurro de Milão pelo quarto ano consecutivo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Hora da largada - Oscar 2009


Vai começar mais uma temporada de caça ao Oscar. Em dezembro chegam às salas de cinema muitos candidatos ao prêmio máximo do cinema mundial. Em poucas palavras, uma pincelada sobre os que despontam como favoritos para 2009.

O CASAMENTO DE RACHEL Depois de dez anos em reabilitação, ex-modelo volta para sua cidade natal para participar do casamento da irmã. Drama dirigido por Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes, precisa de outra citação?). Anne Hathaway faz a protagonista e é apontada como uma das grandes favoritas à estatueta.

SLUMDOG MILLIONAIRE Um garoto pobre de Mumbai participa de um programa de perguntas e respostas na TV para impressionar a garota amada. Apesar de ser analfabeto, ele vence, levantando suspeitas de uma possível trapaça.

É o novo projeto de Danny Boyle, cineasta famoso por produções independentes como Trainspotting e Extermínio. Será que agora vai? Não boto muita fé.

DOUBT Peso Pesado! Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams encabeçam o elenco deste dramalhão. Trama: em 1964, em uma popular escola católica, freira acusa padre de pedofilia.

Tem tudo para ser forte candidato. O diretor John Patrick Stanley é pouco conhecido - o único filme dele antes deste foi a comédia Joe contra o Vulcão, com Tom Hanks e Meg Ryan, em 1990. Mas com um cast/ história dessas, deve ir longe.

THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON O protagonista de 80 anos começa a rejuvenescer misteriosamente. Eis que ele se apaixona por uma mulher de 30 anos e começa a se perguntar: o que vai acontecer se eu continuar a ficar mais jovem e ela mais velha?

A premissa é fantástica. Dirigido por David Fincher, que há algum tempo bate à porta da Academia – que o digam Seven, Clube da Luta e Zodíaco. Brad Pitt encabeça a produção. Para mim, também é um forte concorrente.

MILK História do primeiro político assumidamente homossexual dos Estados Unidos, que foi assassinado em 1978. Estrelado por Sean Pean e Josh Brolin, dirigido por Gus Van Sant.

Brolin também flerta com o Oscar há algum tempo e ficou perto no ano passado com Onde os Fracos Não Têm Vez. Será que agora vai? E ainda tem Sean “Fucking” Penn.

FROZEN RIVER Duas mães solteiras se unem para ajudar imigrantes ilegais a entrarem nos USA pelo Canadá. Pode ser o independente do ano.

GRAN TORINO Clint! Um veterano da Guerra da Coréia decide dar uma surra no vizinho que tentou roubar seu carro, um Gran Torino 1972. Pode não parecer, mas é um drama dirigido e estrelado pelo velho Dirty Harry.

Apesar de ser meio “bobo”, já papou os prêmios de melhor ator e roteiro original no National Board of Review. Pode ser uma boa surpresa.

THE CHANGELLING Uma mãe tem o filho seqüestrado. Depois de muito procurar, encontra o garoto. Com o tempo descobre que a criança não é a mesma que desapareceu.

Angelina Jolie faz a mãe do menino e o filme é dirigido por Clint Eastwood (mais um, esse sim o grande projeto do diretor em 2008). Foi bem em Cannes e tem tudo para estar nas principais categorias do Oscar.

FROST/ NIXON Ron Howard volta a trabalhar com temas mais sérios depois da aventura em O Código da Vinci. Aqui ele mostra um lado diferente do caso Watergate: Nixon assume a culpa do escândalo numa entrevista na TV com David Frost.

Ron Howard dirigiu, Peter Morgan escreveu, Brian Grazer produziu. Agora pensem mais uma vez na trama. Definitivamente tem chances de ser premiado em fevereiro do ano que vem.

DEFIANCE Três irmãos poloneses precisam fugir durante a invasão nazista na Segunda Guerra para se juntar ao exército russo. Dirigido por Edward Zwick, outro que chegou perto do Oscar nos anos anteriores com O Último Samurai e Diamante de Sangue.

QUEIME DEPOIS DE LER O novo filme dos irmãos Cohen é uma comédia sobre um funcionário da CIA que escreve um livro sobre sua vida, mas perde o CD com o conteúdo. Apesar das críticas positivas, não acho que os cineastas emplacam em dois anos consecutivos.

THE WRESTLER Há anos Darren Aronofsky é apontado como um dos grandes jovens talentos de Hollywood – fez PI, Réquiem para um Sonho e Fonte da Vida. Neste The Wrestler, mostra o drama de um ex-lutador com problemas de saúde que é obrigado a voltar aos ringues para sustentar a família. Premiado no Festival de Veneza.

WALL-E A Disney vai tentar papar uma candidatura ao Oscar de Melhor Filme. Será que dá? É um filmaço e, na boa, torço para que consiga. Já o prêmio de animação, acho que já ganhou, certo?

O CAVALEIRO DAS TREVAS Já se passaram cinco meses desde a estréia e o novo Batman continua forte. Claro que, diante do turbilhão de dramas de fim de ano, vai perder espaço. Mas acredito que vá conseguir algumas indicações. Ficou entre os 10 melhores do ano no ranking do National Board of Review.
REVOLUTIONARY ROAD Drama de Sam Mendes com Kate Winslet e Leonardo Di Caprio sobre a vida de um casal nos anos 50. Já basta para as especulações começarem.

É provável que algumas surpresas furem essa lista. Há alguns projetos interessantes, como W, a famosa biografia de Bush, e Austrália, o drama épico de Baz Luhrmann com Nicole Kidman e Hugh Jackman. Mas o grosso da festa pode estar mesmo ai. Que venha o bolão 2009.

sábado, 29 de novembro de 2008

Murray x Federer < Nadal?


Há quase dois anos torço por Andy Murray. Existe uma explicação lógica para isso: o escocês ganhou títulos importantes nas categorias de base e era apontado como um provável grande tenista quando chegasse ao profissional. Minha torcida era para a promessa se tornar realidade.

Em boa parte do ano agüentei as brincadeiras dos amigos com as derrotas imaturas de Murray. Por muito tempo, ele misturou grandes vitórias, como na estréia do ATP de Dubai sobre Federer, com derrotas inexplicáveis - que o diga Robin Haase, na 1ª rodada em Roterdã.

No saibro foi uma tragédia. Em Wimbledon, teve banca de anfitrião, mas deu azar e enfrentou Nadal nas quartas-de-final.

A maré finalmente virou no segundo semestre, com as conquistas na quadra rápida, a final em Flushing Meadows e a ascensão no ranking mundial.

Mas toda a minha torcida por Murray caiu por terra em Xangai. Se desisti do jogador? Não. Mas naquele duelo contra Federer na última rodada do round robin da Masters Cup não deu. O adversário era o “Leão-da-Montanha” tentando se recuperar.

Não negritei as últimas palavras à toa. Em todos os confrontos anteriores entre Roger e Andy, torci pelo britânico. Na China, apoiei com toda a força o suíço, reflexo da queda dele neste ano.

Vocês pode se perguntar agora se é um texto sobre Murray ou Federer. É um post sobre tênis. O escocês ascendeu em 2008 e acredito que no ano que vem deve brigar pelos principais campeonatos e, quem sabe, pelas cabeças do ranking. Já Federer caiu nesta temporada e, espero, volte a ser o cara em 2009.

Uma lição tirei da sensação vivida no jogo da Masters Cup: simplesmente não dá para não torcer por Federer. A não ser que do outro lado da rede esteja Rafael Nadal.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

Como explicar o amor? Talvez esse seja o tema mais abordado na história das artes – cinema, teatro, literatura, etc. Que ele é capaz de nos fazer virar a cabeça e tem uma força difícil de explicar, não é novidade – e eu não sou a pessoa que vai falar sobre isso.

Woody Allen gosta disso. O novo trabalho dele, Vicky Cristina Barcelona, não tenta explicar o sentimento, o que o move e tudo mais. Fala sobre escolhas, pessoas, relacionamentos e é perfeito para mostrar como o amor (ou a paixão), tão presentes nisso tudo, podem mudar a vida de alguém.

Vicky tem tudo o que pediu a Deus: o noivo desejado, uma casa em Manhattan, a pós-graduação dos sonhos, até encontrar Juan... E como uma noite muda a cabeça da garota. Trocar tudo o que sempre quis por uma aventura? Ela não tem coragem. Viverá então “presa” num casamento infeliz? Outro dilema. E se a tal noite nunca existisse, o que seria da vida dela?

A covardia de Vicky não existe em Cristina. Aventureira, liberal, “porra louca” mesmo. Experimenta de tudo e com todos, mas não encontra estabilidade com ninguém nem em lugar nenhum. Com Juan, como será? O que falta à garota dos olhos azuis (ou seriam verdes)?

E Juan e Maria Elena? Feitos um para o outro, mas não conseguem ficar juntos. Simplesmente algo os atrapalha. Talvez só o amor não seja suficiente. É preciso algo mais...

Essas situações acontecem diariamente em vários cantos do mundo. Mudam-se apenas os nomes dos protagonistas. Woody Allen as pincela em VCB, com seu habitual ritmo frenético, pitadas de humor (nem tantas), cores e música fortes. O resultado é bem legal.

Vicky Cristina Barcelona não é melhor que Match Point – acredito que as comparações com o último grande trabalho de Allen vão aparecer apesar de uma obra não ter absolutamente nada a ver com a outra. Mas vale uma ida ao cinema. Se você não quer saber de amor, decisões, sentimentos e não gosta do diretor de Nova York, vá mesmo assim, ainda que “apenas” para ver Penélope Cruz e Scarlett Johansson.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O Dez

No começo eu era reticente. Mas tinha motivos para ser, afinal de contas, ele era o grande atacante da base. Com o tempo, o pé atrás foi sumindo, a desconfiança deu lugar à empolgação, até surgir o encanto.

Renan Oliveira é sim um camisa 10. Rápido, habilidoso, criativo. Eu sei, ainda tem, sim, muito o que o evoluir. Também pudera, o garoto tem apenas 18 anos – o que me deixa ainda mais perplexo.

Se alguém ainda duvida do potencial, que veja o tape de Galo x Vasco. Não, não vá ao belíssimo gol marcado pelo menino de Itabira. Assista os lançamentos, de preferência os longos, da marca do meio campo, para Pedro Paulo no ataque. Veja as tabelas e os toques rápidos. Vai entender o que estou dizendo.

sábado, 8 de novembro de 2008

U$ 992 milhões and counting...

Os passos estão, agora, menores. O ritmo é mais lento. Mesmo assim, Batman – O Cavaleiro das Trevas, se aproxima cada vez mais da marca de U$ 1 bilhão de dólares arrecadados nas bilheterias do mundo todo. Depois do último fim de semana, o filme da Warner chegou aos U$992 milhões abocanhados somente nos cinemas.

Se o feito for alcançado, será o quarto longa-metragem a ultrapassar a barreira do bilhão. À frente do herói mascarado estão Titanic (U$1,842 bilhão), O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (U$1,119 bilhão) e Piratas do Caribe – O Baú da Morte (U$1,066 bilhão).

Esse amplo retorno financeiro assusta. Ninguém esperava que o segundo capítulo da franquia de Christopher Nolan fosse fazer tanto barulho. Os antecedentes eram bons: Batman Beggins ganhou U$ 371 milhões no mundo todo, foi bem nas críticas, ressuscitou o Morcegão-Malvadão. Mesmo assim, a bilheteria do “episódio II” surpreende.



Alegria dos estúdios sim, mas não só da Warner. O fenômeno de Batman não é um caso isolado. Se investigarmos os últimos anos em Hollywood, veremos diversos protagonistas grandiosos tomarem as bilheterias. Também neste ano, o velho Indiana Jones voltou à vida em O Reino da Caveira de Cristal e ganhou U$ 783 milhões. Homem-Aranha, X-Men, Homem-de-Ferro e Harry Potter seguem a mesma linha, escancarando uma forte e atual tendência: investir em grandes personagens.

Talvez seja presunção demais dizer isso, mas já é possível perceber que foi-se o tempo em que os atores seguravam o filme, eram os responsáveis por levar o público ao cinema – algo visto, por exemplo em Titanic, com a “dicapriomania”. Ao que tudo indica, hoje a moçada quer ver histórias e personagens impactantes nas telonas – e a prova maior disso foram os fracassos recentes de Tom Cruise, Adam Sandler e Mike Myers diante do sucesso dos heróis.

Para concluir a tese, voltemos ao Cavaleiro das Trevas. U$ 992 milhões arrecadados no mundo todo. Custo de produção: U$ 185 mi. No liso, lucro imediato de U$ 807 milhões. E ainda virão os DVDs, os DVDs especiais, os produtos licenciados, os direitos para a TV... Diante disso, alguém ainda se pergunta por que investem cada vez mais nesses caras?
PS: Não acredito que The Dark Knight atinja U$ 1 bilhão, mas isso não altera em nada o fato do filme ser o maior sucesso do ano.

sábado, 18 de outubro de 2008

Chegou a hora

Marcelo Oliveira não é um Felipão, Vanderlei Luxemburgo ou Muricy Ramalho. Também fica atrás de Abel Braga, Mano Menezes e Émerson Leão. Acredito que não supera sequer um Adilson Batista, Dorival Júnior ou Celso Roth. Mas parece colocar o Atlético nos trilhos.

Pela primeira vez em todo o ano de 2008, há razões para começar a confiar no selecionado carijó. Sim, a defesa ainda é fraca e peca várias vezes no posicionado em uma mesma partida. O meio-campo e o ataque carecem de técnica e alguns atletas que compõem o elenco são lamentáveis. Mesmo assim, o Galo parece ter uma cara definida, uma estrutura, uma forma de jogar.

O losango do meio-campo já era usado desde o início do ano. Geninho escalava Rafael Miranda, Renan, Márcio Araújo e Marques, este último como meia de ligação (quem não se lembra desse crime?). Mais tarde, o pequeno-jegue adiantou o Messias e colocou Danilinho por ali. Passaram pela mesma posição Petkovic e Almir. Alexandre Gallo ainda testou Gedeon (Meu Deus!).

Marcelo pegou a mesma onda. Deixou Rafael recuado, liberou Márcio Araújo e escalou Serginho pela faixa esquerda, barrando Renan, em péssima fase. Petkovic fazia a ligação. O time oscilava. Com as sapatadas fora de casa e as vitórias apertadas no Mineirão, o treinador parece ter aprendido.



Já há algumas rodadas o meio-campo está mais sólido. Serginho foi recuado para a cabeça da área, onde funciona melhor. Ele não tem técnica para subir com freqüência, como fazia pelo flanco esquerdo do meio. Agora, ajuda a defesa e, quando ataca, é o famoso elemento-surpresa (o Flamengo viu bem isso no segundo gol na última semana).

Márcio Araújo e Elton fecham os lados, direita e esquerda, respectivamente. Podem não ser grandes jogadores, mas estão se firmando. Márcio arrisca mais, enquanto Elton é mais contido.

O grande diferencial de Marcelo Oliveira foi a armação. Ele barrou Petkovic e escalou a promessa Renan Oliveira, que vem emplacando boas atuações. O garoto provou que não é centroavante, mas um meia, que, com liberdade, pode arrasar as defesas adversárias. Já vinha sendo o melhor atleta do Atlético antes das partidas diante de Palmeiras e Flamengo. Depois dos dois jogos, disparou como a estrela do time.

Marcelo não é um técnico de ponta nem tem muita experiência à beira do gramado, mas está acertando o Atlético. Fato inesperado e similar ao que aconteceu na Baixada, com o Santos de Márcio Fernandes. Esperança de um fim de ano melhor para o Glorioso dentro das quatro linhas.

E agora José?

A festa acabou/ A luz apagou/ O povo sumiu/ A noite esfriou/ E agora José?/ Cito Drummond para chegar ao ponto mais delicado: a direção do Clube Atlético Mineiro. O cenário se assemelha muito ao clima de fim de festa descrito pelo poeta de Itabira. Ziza renunciou (já passava da hora), os vices também e o presidente do Conselho ainda resolveu tirar férias. A eleição só deve ser no dia 28 de outubro e, ao que tudo indica, as maiores forças são as correntes de Afonso Paulino e Alexandre Kalil.

Não vou entrar na diferença das chapas e no que cada uma pode acrescentar ao clube, até porque desde que me mudei para São Paulo não acompanho muito de perto a política no alvinegro. Vou usar o clássico para fechar o texto e ligar o escrete aos dirigentes.

O que importa agora é que o palco está montado. Depois de um ano de resultados pífios e um time fraquíssimo, com turbulência financeira e renúncia na presidência, o Atlético tem pela frente o Cruzeiro. E justamente quando o onze titular começa a render melhor. Eis a chance: vencer a Raposa, decretar, de uma vez por todas, a ascensão do time no Campeonato Brasileiro, trazer de volta a Massa e jogar lá no alto o astral e o clima na metade alvinegra de Belo Horizonte.

Com o cenário favorável, restaria aos nossos cartolas realizar um pleito correto, ético e transparente, com amplo apoio da torcida, que garanta ao Clube Atlético Mineiro uma direção confiável e um futuro melhor.



Portanto, que o manto branco-e-preto atropele a camisa azul no Gigante da Pampulha. Que Renan Oliveira e Marques dancem pelo relvado do maior de Minas. Que possamos gritar mais uma vez, com todo orgulho, Galôôôôôô!

E que venha 2009.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Wimbledon 2008

Que Roger Federer é o maior favorito ao título de Wimbledon não é novidade. Pentacampeão na grama inglesa, o suíço perdeu pela última vez por lá em 2002. Igualou no ano passado a marca de Bjorn Borg – cinco títulos seguidos. Agora, luta para ser o primeiro hexa legítimo da história daquele Grand Slam.



Mas desde 2002 a competição inglesa nunca esteve tão aberta. Há sim o favoritismo do “Leão da Montanha” (o Federer, não o Miudo). Porém Rafael Nadal e Novak Djokovic, em temporada bastante superior à do número um do mundo, despontam com força maior à apresentada em 2007.

Outra coisa que todo mundo sabe é que o Federer versão 2008 está bastante distante do jogador que vimos nos últimos anos. Basta saber que ele tem apenas dois títulos na temporada (nos fracos ATPs de Estoril, no saibro, e de Halle, na grama). Nos dois Grand Slams já disputados, caiu por 3 sets a 0 – para Nole, na Austrália, e Rafa, na França.

É justamente a junção do enfraquecimento de Roger Federer e da evolução da dupla Nadal-Djokovic que faz deste Wimbledon o torneio mais parelho dos últimos anos.

Dito isto, podemos especular livremente sobre o que cada um dos três poderá apresentar no All-England Club. Nadal pegou, definitivamente, a chave mais fraca (já era hora, uma vez que, no saibro, ele sempre esteve nas chaves mais difíceis). Djokovic terá algum desafio apenas nas quartas-de-final, assim como o RF.

O grande duelo do Touro Indomável deve ser contra Andy Roddick ou James Blake nas semifinais (favoritismo de Roddick). O texano joga bem na grama, saca como poucos e é bastante forte fisicamente. Mas essa combinação caiu por 2 a 0 diante de Rafa há duas semanas, na grama de Queen’s, num jogo que deixou clara a evolução de Nadal na superfície, de 2007 para cá.



A incrível consistência do tenista de Mallorca assusta até seus adversários. Nos últimos 6 torneios disputados, venceu cinco – Monte Carlo, Barcelona, Hamburgo, Roland Garros e Queen’s. Só não ergueu o caneco em Roma, quando caiu com várias bolhas nos pés.

Por tudo isso, a chance de vermos o espanhol na final pelo terceiro ano seguido é grande. E é exatamente nisso que eu aposto.

A outra chave

Se Federer é um leão e Nadal um touro, por que Novak Djokovic é sempre chamado de o cara legal e carismático? Bem que ele poderia ser o Urso do Bosque, tomando emprestada a expressão do amigo Trop. Fato é que Nole deve avançar com facilidade até as quartas-de-final.

E aí que, teoricamente, o bicho pega. O adversário do número três do mundo seria o argentino David Nalbandián. Mas duvido que o hermano chegue até a quartas. Está em má fase. E se enfrentasse Nole nessa etapa, poderia levar outra surra (e o 6-0/ 6-1 nas semifinais de Queen’s?).

Djokovic, talentoso e eficiente, deve chegar sim à penúltima rodada e marcar duelo com Federer, assim como aconteceu no Australian Open. E aí, o que acontece?

Fato é que não há quem jogue como Roger. Talentoso, forte física e mentalmente, eficiente, decisivo. Mas o tênis dele anda abaixo do esperado. O primeiro grande embate pode ser contra David Ferrer ou Nikolay Davydenko. Na boa? Dá Federer contra qualquer um dos dois, com autoridade.

Assim, para mim, o primeiro desafio verdadeiro do suíço será diante de Djokovic, já nas semifinais. Hora de reprovar seu valor e calar a boca de todos que agora duvidam dele. Hora dele voltar a mostrar que a raquete funciona como uma extensão do seu próprio corpo (certo Bernardo “Campos” Esteves?).



Portanto, motivação não faltará. E com esse jogo nas mãos, Roger há de trucar Nole, que terá de correr. E Wimbledon, na minha modesta opinião, verá pela terceira vez seguida, uma final entre Suíça e Espanha, Federer e Nadal.

E ai, quem leva? Jogo duro e equilibrado, como em 2006 e, principalmente, 2007. E apesar de Rafa mostrar enorme evolução na grama e da minha torcida pelo espanhol, dá Federer. Afinal de contas, o All-England Club é o quintal da casa dele, assim como a Phillipe Chartrier faz parte da morada de Rafael Nadal.